quinta-feira, 26 de março de 2020

Quarentena - semana 2

Faz hoje duas semanas que dei a minha última aula. Do período certamente, do ano letivo também me parece provável que sim. Mais do que isso nem quero pensar.

Faz hoje duas semanas que os meus filhos foram pela última vez à escola. Ela ficou o dia todo. Ele voltou para casa à hora de almoço, depois de fazer dois testes, porque já não se sentia bem lá.

Hoje foi o último dia que estivemos sob vigilância ativa e tivemos que enviar e-mail diário com o nosso estado de saúde. A partir de hoje somos (apenas?) tão prováveis portadores do vírus como qualquer outra pessoa.

Nestas duas semanas só saí de casa uma vez, faz hoje uma semana, em que fui passear o cão porque me sentia a enlouquecer.

Nestas duas semanas já fomos brindados com pulgas e piolhos. Medo do que possa vir a seguir.

Hoje o miúdo devia ter voado para Londres com a sua turma onde passaria quatro dias em visita de estudo. Seriam quatro dias em que me iria custar a respirar mas por bons, excelentes motivos. Há mais de duas semanas que não respiro como deve ser. Felizmente não porque os pulmões estejam a falhar mas porque a ansiedade faz-se sentir também assim. Sei que isto são queixas de gente mimada, que continua a ter tudo e todos (fora os que já não tenho há muito tempo e muita falta me fazem) mas esta vida suspensa, sabe-se lá até quando, e as coisas que eles não vão viver por causa disto entristecem-me. Como ao pé deles não posso demonstrar a tristeza e a ansiedade canalizo-a para aqui.

O dia-a-dia faz-se bem. Entre a cozinha, a limpeza da casa e o trabalho sobra, na verdade, pouco tempo livre. Olhar para a frente é que é tramado. Sobretudo pensar em tudo o que era para ser mas não será.

Queixinhas à parte. Que tudo isto acabe depressa. Que nós, os nossos e o maior número possível de pessoas estejam bem quando isto acabar. Sei que é isso que interessa. O resto se fará, a seu tempo.

quarta-feira, 18 de março de 2020

COVID-19

Tempos excecionais exigem medidas excecionais como ressuscitar este blog.

Quinta-feira, dia 12 de março de 2020 dei aquela que presumo foi a minha última aula durante muito tempo.

Sexta-feira decidi que iniciávamos a quarentena um dia útil antes do decretado pelo governo. O Nuno chegou uma semana mais cedo da Califórnia e conseguimos fazer surpresa aos miúdos. Também conseguimos, com dificuldade, que não saltassem para cima do pai aos beijos e abraços. O cão fez isso por todos nós.

Ainda nesse dia fomos contactados por uma enfermeira porque um colega de futebol do Vasco está positivo. Disse que nos iria contactar frequentemente para saber como estávamos naquilo a que chamou excesso de zelo. Considero-me desde já muito impressionada.

O fim-de-semana passou-se bem com muitos filmes em conjuntos.

Primeiros dias da semana mais desafiantes com toda a gente a habituar-se ao teletrabalho não acompanhado de vida social fora de casa.

Hoje saí pela primeira vez de casa para passear o cão. Confesso que me sinto bastante neurótica mas esforço-me muito para disfarçar.

Ainda nem passou uma semana. Vai ser bonito.
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